terça-feira, 29 de junho de 2021

Qual o tamanho dos seus problemas?


Já passou por algo realmente difícil? Um daqueles problemas que são muito difíceis, sem solução talvez....

Certa vez, estudando um pouco de disciplina positiva, querendo que Alice, Laura e eu sobrevivêssemos umas às outras (rsrs), ouvi uma especialista que disse: "ensine a criança à classificar o problema". Ela dizia que poderíamos dizer às crianças que 1) o problema poderia ser fácil de solucionar; 2) o problema de nível médio - aquele que tem solução, mas vai dar um trabalhinho; 3) problemas de difícil solução, ou por não termos as ferramentas, ou por não termos os recursos para resolver; e 4) o problema sem solução. 

Eu experimento classificar os problemas da minha vida desde que ouvi essa orientação, que era pra usar com as filhas, mas que me serve muito! Também tento dar prazos para as resoluções dos problemas, além de refletir bastante com as minhas filhas: "esse problema foi fácil de resolver!" Ou, "esse problema nós conseguimos resolver?". Ou ainda, "esse problema é fácil ou difícl de resolver?". Juro que essa "técnica" facilita ao olhar para uma determinada situação que precisa de resolução.

Dentro do universo da criança, obviamente os problemas se classificam de maneira distinta dos problemas no universo dos adultos, mas todos são problemas! Por exemplo, se a minha filha quiser dirigir nosso carro agora, esse problema não se soluciona imediatamente, logo, para agora ele não tem solução. Se ela quiser que eu a leve para dar uma volta de carro no fim de semana é fácil resolver. Se o brinquedo dela quebra ela vai chorar como se fosse o fim do mundo, e para ela é. Mas eu classificaria como fácil de resolver: consertar o brinquedo! Estou dando exemplo entre adultos e crianças, mas entre os próprios adultos essas classificações são distintas e, normalmente quando crescemos ouvimos que, o único problema sem solução é a morte!

De fato, para a morte não há solução, e quando passamos por experências que envolvem a dor do luto - e muitos de nós já passamos por esse tipo de dor - acho que estabelecemos novas "classificações" às situações da vida. Há uns bons anos, tive um namorado que terminou o nosso relacionamento por e-mail (imagine isso!). Na época esse problema "não solucionável" me doeu por tanto tempo até que experimentei um luto inesperado e, essa sim era uma questão não solucionável, de uma dor profunda. Perder a Paula me colocou numa situação tão difícil que não tinha dor que superasse isso. 

E, a vida é isso né!? Quem se prepara para um problema não solucionável? Nem a criança que quebra o brinquedo e nem o adulto que enfrenta o luto! Mas, nossa vida é assim: um acúmulo sem fim de experiências, de problemas/ situações fáceis, medianos, difíceis ou sem solução..... Cada um de nós vai guardando na memórias as situações pelas quais passa e, vai dando novos sentidos e significados ao que sente. E, claro, não somos feitos somente das memórias ruins, dos problemas difíceis, das sensações de tristeza mas, acho incrível a potência que estes têm sob nosso corpo; a capacidade enorme de ficar como um mantra surgindo em nossa mente. 

Isso pra dizer que, quando olho pra trás e penso no enorme problema que vivenciei, tenho algumas certezas dali: era um problema de difícil solução e, se tornou um problema sem solução. E, por não ter conseguido resolver, simplesmente por que não dava e não dependia apenas de mim, a sensação de incapacidade, frustração e vazio, resultam em tristeza...uma grande tristeza, que ressoa o tempo todo no meu cotidiano. 

Por outro lado, essa situação, esse trauma "reclassificou" os problemas em meu imaginário, pois passei a olhar com mais cautela ainda o que seriam problemas fáceis, medianos ou difíceis. Seguramente a gente passa a "reclamar" menos do que acha difícil e eu passei. Acho que isso é o que chamam de resiliência. O nome é bonito, todos falam dela, mas a resiliência não é algo fácil, tão pouco simples e seu tamanho e potência não cabem numa palavra. Pra ser resiliente, a gente normalmente experineta problemas difíceis e sem solução. E, com certeza aqueles que não são solucionáveis, só dizem mesmo respeito à morte!

Para os amigos e amigas....eu estou bem, triste, mas bem! Assumir minha dor é um problema solucionável com compreensão e carinho....

Para os leitores que chegaram até aqui....esse texto é mais que uma reflexão, é uma experiência com um problema de solução muito difícil que se tornou insolucionável, infelizmente! E, sigo em meu luto....

Boa noite!


Créditos da Imagem no início do texto: https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/depressao-e-suicidio-ainda-sao-tabus-para-os-homens-e-jovens-no-brasil/


LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...